quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Um dia eu chego lá (Parte 02)

Com o silêncio dos ponteiros
Tudo ficou preto e branco
Emoldurado como um quadro.
Da cozinha para o quarto

Apenas com uma camisa, amarrotada e surrada
Suas curvas iluminada pelo farol não mostrava perigo
Perigo do acidente, do acaso, do passado
Uma estrada com velocidade controlada.

De costas me olhava, pernas entrelaçadas
Sorriso no rosto e cheiro de uva
Enquadramento perfeito
Feito desejo

Preto e branco, como um quadro emoldurado
Dedos inquietos e futuro incerto
Ficou o simples, o simples presente
Presente preto e branco, um quadro emoldurado

Na parede da memória
O quadro se torna vermelho
O som voltou aos ponteiros
Do vermelho ficou o silêncio

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O Retorno

Sim eu sei!!! Andei sumido por uns tempos. Na verdade a palavra certa não seria “sumir” e sim “me encontrar”. Então, eu andei me encontrando por uns tempos (isso, no gerúndio mesmo).

Mudei de cidade, de quarto, de trabalho, de paixões, de músicas, de peso, de interesse e ampliei o ciclo de amizades. O melhor de tudo é a saudade do antigo e o friozinho na barriga do novo. Porém ainda sou o mesmo Lhéo gordão Balhéia, a diferença é que estou mais maduro (trintão) e mais maLHÉOmolente.

Desculpa a todos os meus fãs espalhados pelo mundo pelo grande tempo sem postar no “Idéias ao Lhéo”. Mais para felicidade geral de todos, ela voltou e resolveu me ajudar. Andei meio chateado com ela. Agora fizemos as pazes. Falei tudo que estava passando na minha vida e ela, a inspiração, resolveu meu ajudar. É claro que a inspiração não daria conta sozinha e resolver pedir ajuda para o “saco”. Então, com a inspiração e com saco eu voltarei a postar besteiras por aqui!

Sejam bem vindos novamente e que a falta de tempo não atrapalhe os leitores e o Lhéo!

domingo, 2 de março de 2008

Trauma nº 01

Não sei se esse trauma é só meu ou de todos os aniversariantes do mês de fevereiro. Fevereiro é mês de carnaval, alegria e diversão e não APENAS o mês do aniversário do Lhéo gordão.

Toda pessoa com menos de 30 anos gosta do seu aniversário, pois é motivo de festa, docinhos, bebedeira e presentes!!! Ainda mais quando você tem menos de 10 anos e espera todos os seus amiguinhos em sua festa com decoração de palhaço, super homem ou do seu time de futebol preferido (ou do seu pai).

Pois bem, nos meus aniversários sempre chovia (eu morava no Rio de Janeiro), nunca estavam presentes todos os meus amiguinhos, pois os mesmo estavam viajando de férias. Para mim o aniversário nunca foi maior do que uma reunião de família, pelo menos os presentes eram ótimo... bola, skate, bicicleta... o tipo do presente que se deve usar, ou seria brincar, em dias com muito sol.

Bem, eu cresci, porém nunca desisti de reunir os amigos, pois nessa altura os presentes não eram mais importantes do que a presença dos meus queridos amigos. Então quando eu marcava alguma reunião para comemorar mais um ano de vida, eu tinha que pensar sempre no carnaval. Se o dia nove de fevereiro fosse depois do carnaval, quase ninguém comparecia, pois a folia quase sempre surrupia todas as economias dos todos. E se o dia nove fosse antes do carnaval, as pessoas estavam economizando ou simplesmente davam um “pulinho” rápido no meu aniversário, pois tinham algum baile carnavalesco ou prévia de carnaval para ir. Agora quando o dia nove era justamente em algum dia do carnaval eu encontrava todos os meus amigos (inclusive os que moram em outros estados), me divertia, comemorava e ainda não gastava dinheiro algum com decoração, festas e shows.

Eu acho que superei esse trauma, superei tanto, que a partir de hoje meu aniversário será comemorado nos dias de carnaval. Nunca ninguém vai esquecer do meu aniversário, mesmo depois de morto; toda a população brasileira vai comemorar o aniversário do Lhéo e não precisarão trabalhar. Mas o melhor de tudo é que eu não terei mais que dividir essa data especial com o aniversário do Frevo, nem tal pouco, com o aniversário Axl Rose, vocalista do Gun’s in Roses.

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O Olhar

Paraty - RJ
Foto: Leonardo Menezes

Como pude ficar tão dependente do olhar arquitetônico? Será que isso é da profissão e nos enfiam goela a baixo nas faculdades? Será que esse é o único olhar que existe? Não!!! E nem deve ser.

Mas o olhar é tão ruim assim? Bem, sozinho eu acho que sim. Olhar por olhar? Agora se o olhar vier acompanhado de criatividade, cheiro, ou talvez um som, ele pode nos mostrar muito mais do que uma imagem estática e estéril. Ele pode marcar nossas vidas para sempre.

Nesse sentido eu acho que alguns olhares devem produzir imagens para serem degustadas, ouvidas, de ângulos diferentes ou simplesmente gerar sensações
.


terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Um dia eu chego lá (Parte 01)

Eu quero viver como uma poesia.
Amor, paixão, tristeza, morte e alegria
Não importa o tema
com tanto que seja intensa.

Vida poética
Vida patética
Vida vivida

Essa é minha vida.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Postura

Eu sei que esse texto cairia como uma luva para o blog de meu amigo Vinícius (http://www.quardanapodebar.blogspot.com/), não pelo tema em si, mas pelo local onde tal questionamento (ou seria teoria) foi criado e debatido, entre conhaques e charutos nos mais finos bares do Recife, como o Passira’s Bar e o Reginaldo Drink’s.

Eu reparei que nem toda mulher gosta de certos elogios “tupiniquis” amplamente difundidos como: gostosa, dilícia, mulherão, gatinha, boyzinha, babe ou simplesmente “eisssssssshhhhh”. Reconheço, também, que como o elogio é feito pode influenciar diretamente as mulheres, porém é unanimidade que elas preferem ser mais reconhecidas e elogiadas pelo “seu interior” ou simplesmente pelo que realmente são, seja pelo corpo ou pela personalidade.

Também reconheço que nem toda mulher gosta de ser considerada ou elogiada APENAS como: simpática, charmosa, inteligente, bem humorada. As gordinhas e “feinhas” entendem bem o que é isso. Outro amigo meu, também chamado Vinícius, dizia: “Me desculpe às feias, mas beleza é fundamentas”. Porém como bom cientista que sou, pediria para ele definir o termo beleza. Beleza exterior? Beleza interior? Beleza financeira? Infelizmente o segundo Vinícius não pode mas me responder.

Já é provado cientificamente que as mulheres são mais emotivas do que os homens, é claro que existe exceções. Os menos emotivos afirmam que as mais emotivas são complicadas, ou seja, a maioria das mulheres é complicada, inclusive as próprias mulheres fazem tal afirmação. Podemos resumir então que elas nunca estarão satisfeitas com nossos elogios.

Como eu não tenho “cacife” de questionar o segundo Vinícius e também gosto de gordinhas, eu resolvi adotar o termo POSTURA como o maior elogio que eu poderia dar a uma mulher. Mas qual seria a definição do termo postura?

O tal do Aurélio Buarque de Holanda, tio do outro Buarque (aquele pode fazer ou dizer qualquer coisa que elas consideram como um elogio, como: “Bom dia!” ou “ me dá 3 maços de cigarro” ou “olhos nos olhos quero ver o que você faz” ou “estava a toa na vida” ou “glamurosa, rainha do funk”), define o termo postura como:

n substantivo feminino
1 posição espacial do corpo ou de uma de suas partes
2 maneira de manter o corpo, ou compor os traços fisionômicos; atitude
3 maneira, elegância no andar e se comportar; porte
4 modo de pensar, de proceder; ponto de vista, opinião, posicionamento
5 Diacronismo: obsoleto.
maquiagem ou quaisquer outros artifícios de embelezamento
6 Rubrica: zoologia.
a deposição de ovos por animais, em ninhos ou simplesmente em qualquer substrato; oviposição
7 determinação escrita em que o prefeito obriga os cidadãos a cumprirem certos deveres
8 m.q. ássana ('cada uma das posições')
ª posturas
n substantivo feminino plural
9 compilação sistemática ou compêndio de leis normas e regulamentos de um município


Eliminando as definições 6, 7, 8 e 9 que não tem relação com nossa temática. Uma mulher “de” ou “com” POSTURA deveria ter as definições 1,2,3, 4 e 5, e eu ainda acrescentaria mais algumas.

Uma mulher com POSTURA seria:

1. Charmosa, ou seja, tem o poder de atração, normalmente relacionado a posição espacial do corpo ou de uma de suas partes. O mais interessante é que o charme não some com a idade.
2. Atitude.
3. Elegância no andar e no comportamento. Principalmente no andar!!! Eu por exemplo gosto das “ponto e vírgula”, as que possuem um andar diferente.
4. Inteligência. Que tenham opiniões próprias e posicionamentos fundamentados. Imagina um jantar romântico sem assuntos interessantes?
5. Bom humor. Rir e sorrir faz bem pra todo mundo.
6. Ser solteira.

E antes que me perguntem se eu estava bêbado, eu respondo que não, foram apenas 9 garrafas de conhaque e 12 charutos.

“Me desculpe as gostosas e as superficiais, mas postura é fundamenta”

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Boas lembranças

Ele ainda sente falta de encostar seu rosto em sua pele macia e fria depois do banho.
Ele ainda sente falta de sua nuca e do cheiro do shampoo dos seus longos cabelos.
Ele sente falta de respirar sua expiração.
Sim, também sente falta da rotina!!! Na verdade é o que ele mais sente falta.
As coisas mais simples fazem falta. Falta de senti-la.
Ele sente falta do tempo em que o tempo não era importante, pois estava a seu lado.
Sua clareza em relação a seus sentimentos o faz admirá-la.
Sua personalidade o completa.
Suas dúvidas o estimulam.
Seu corpo o enlouquece.
Ele foi marcado pela eternidade, suas lembranças ainda estão vivas e o consome.
Na verdade ele se deixa consumir pelas lembranças, não pelo que pode acontecer no futuro, mas apenas por terem sido muito boas. As melhores de sua curta vida.

quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sorriso

Dizem que já foi comprovado cientificamente que o ato de sorrir pode trazer vários benefícios. Alguns médicos afirmam que o sorriso pode curar doenças, exercitar a musculatura facial, favorece a respiração, além de transmite o bem estar. Porém, eu acho que fazer alguém sorrir trás muito mais benefícios, ainda mais se a pessoa que está sorrindo “de” ou “com” você for uma pessoa que você admira, ama e respeita.

Pessoas que normalmente são “geradores de sorrisos” costumam ter boa criatividade e um grande ciclo de amigos. A solução para muitos é passar horas ao lado delas, curando suas doenças, respirando melhor, exercitando seu músculos faciais e consolidando o seu bem estar.

Fazer alguém sorrir é fácil e qualquer um tem esse dom. Quem nunca fez papel de bobo ou contou uma piada, por pior que ela seja? Quem nunca pagou umas cervejinhas aos amigos para falar besteiras e passar a noite toda rindo de tais besteiras? Sorrir é sempre bom e todo mundo gosta.

Agora o grande desafio, e nem todos possuem esse dom, é de fazer as pessoas sorrirem com a alma. Aquele sorriso que realmente “te toca”, que mistura sensações, lágrimas, surpresa, admiração, o coração bate mais forte e os olhos brilham. Para que esses sorrisos aconteçam é necessário surpresa e espontaneidade, nem que para isso seja necessário fazer o impossível. Então, viaje muitos quilômetros e faça uma surpresa a quem você gosta, mesmo que você não tenha recursos e tempo para tal. Além das velas e da música romântica faça chover pétalas de rosa no quarto. Faça a comida preferida dele(a), mesmo que não saiba cozinhar. Escreva uma carta e envie pelo correio e não por e-mail. Faça e envie uma poesia ou uma letra de música, mesmo que você tenha mais facilidade com números. Aprenda com ele(a) mesmo que você tenha vários diplomas. Pague uma cerveja, não pelas besteiras que irão falar, mas apenas por sua companhia.

Os benefícios de fazer a pessoa que você gosta sorrir não são comprovados cientificamente, talvez nunca seja, porém se você realmente gosta dela, faça-a sorrir com a alma.

Como dizia um grande e sábio amigo meu da UFF: “Faça-me ir...”

domingo, 9 de setembro de 2007

O Frio

Foto: Sebastião salgado, 1996

A luz era forte, seus olhos ficavam entreabertos e rugas se formavam em seu rosto. O suor era intenso e escorria pelo pescoço, molhando a camisa velha e surrada. Após os golpes de enxada na terra era preciso fechar sua boca ressecada para não permitir a entrada de poeira. Seu trabalho era físico, desgastante e de baixo de sol forte. Seu corpo empoeirado trazia as marcar de tal esforço, pele bronzeada, mãos calejadas e braços firmes. Seu combustível pra os longos e desgastantes dias de trabalho era a certeza de voltar para casa e encontrar sua mulher.

O calor continua mesmo ao anoitecer, a luz do lampião ilumina o casebre simples de um cômodo. Aquele corpo marcado pelo sol e pelo trabalho duro era recompensado com estranhas e prazerosas sensações. Todos os dias, ao ser beijado por sua mulher suas pernas tremiam; ao escutar seus sussurros próximo a sua orelha arrepios involuntários o dominavam; a troca de olhares causava sensações estranha na barriga.

Um dia ao voltar de mais um dia de trabalho, ele encontra seu casebre sem a luz do lampião e tomado pela escuridão. Em um bilhete mal escrito, sua mulher, declarava seus sentimentos para um outro homem. Ela o abandonou e fugiu com um músico forasteiro que visitará a cidade recentemente.

Perdido e confuso, ele deixou de trabalhar. O líquido que escorria de seu rosto não era mais o suor de seu sofrimento físico e sim as lágrimas de saudade. Ele sentia falta das sensações que sua mulher lhe causava.

Decidido a esquecer o passado e superar sua perda, ele resolve começar uma nova vida em outro lugar. Antes, era necessário fazer uma visitar a um amigo que morou muito tempo longe. Tal amigo, explicou que no local onde morou existia muita oportunidade de emprego, porém era extremamente frio. Surpreso, ele perguntou ao amigo como era sentir frio, pois nunca tinha sentido esta sensação. Seu
amigo respondeu, então, que o frio faz o seu corpo tremer e lhe causa arrepios.

No dia seguinte ele arrumou
as malas e viajou, pois queria sentir frio de novo!

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Desenho

Ele usava botinhas de couro, tinha acabado de perder um dente, e usava roupas que combinavam, escolhidas por sua mãe. Apesar de tudo ele era feliz. Feliz porque gostava de desenhar. Na verdade desenhar era sua brincadeira predileta. Caneta e papel na mão era sempre motivo de festa e certeza de horas de satisfação e prazer. Sorte de sua mãe que não precisaria mais ficar preocupada com suas travessuras. Desenhar era certeza de um mundo único, só seu, não existia regras e nem limites. Em seus desenhos o céu poderia ter outra cor sem ser o azul, as casas e prédio eram feitos com traços simples, os meninos sempre jogavam bola e os carros trafegavam em gramados. Saber escrever, naquele momento, não era importante, porque os desenhos eram seus sentimentos.

Hoje, aquele menino não desenha o seu mundo. O tempo e os estudos fizeram de seus desenhos o mundo dos outros. Os desenhos feitos por ele se tornaram regras e estética. Seus sentimentos são expressos através da escrita, pois em seus desenhos o céu é sempre azul, as casas e prédios são reais e os carros trafegam em vias. Apesar de tudo ele ainda é feliz, pois não usa mais botinhas de couro e escolhe suas próprias roupas, os seus desenhos, não!